Como oferecer atendimento online em época de Corona vírus?

Atendimento online é mais do que uma vídeo-conferência

Muitos terapeutas, psicoterapeutas e psicólogos pensam que para atender online tudo que você precisa é de uma vídeo-chamada e pronto. Na prática é bem diferente. O atendimento online requer uma preparação adequada tanto do terapeuta quanto dos clientes, conhecimento dos recursos disponíveis e uma abertura para a novidade e a criatividade.

Fernando Aguiar, Psicólogo (01/14009) e psicoterapeuta corporal nos conta que há cinco anos ele tinha muita resistência ao atendimento online. Como psicoterapeuta corporal ele acreditava que era impossível oferecer uma boa sessão sem estar na mesma sala com o cliente. Foi necessário muita reflexão e preparação antes que ele abrisse o computador para atender online. “Ainda era uma novidade, pouca gente fazia e eu nunca tinha experimentado. Eu tinha muita resistência”, conta Fernando.

Em 2015, em caráter experimental, o psicólogo começou a atender duas clientes que estavam viajando e precisavam de terapia. Os resultados foram surpreendentes. Ele próprio conta que começou a fazer terapia online, porque queria sentir como era, e aí ficou fã da modalidade. Percebeu que era possível se conectar com os clientes, fazer trabalho corporal e, muitas vezes, sentir que estavam de fato na mesma sala, mesmo estando em cidades diferentes.

Fernando reconhece que, mais que se ambientar com a tecnologia, foi necessário transformar seus preconceitos e resistências à terapia online. Esse foi o diferencial para que sua prática clínica online expandisse. 

A resistência dos clientes ao atendimento online é a resistência do terapeuta

Muitos terapeutas tentam atender online, mas acaba não dando certo. Os clientes não querem e o terapeuta desanima. Tata de Queiroz, psicoterapeuta corporal, que atende online desde 2012 explica que se o terapeuta não está convencido da eficácia e dos benefícios do atendimento online, o cliente não sentirá confiança e segurança na proposta.

“Se você não acredita na terapia online, seu cliente também não acreditará. Ele perceberá na sutileza do seu tom de voz e na sua expressão facial que no fundo você desqualifica a terapia online. Portanto, a resistência do cliente, na maioria das vezes, é a resistência do terapeuta”, revela a psicoterapeuta.

Tata destaca a importância de buscar supervisão e treinamento adequado para se capacitar e se instrumentalizar para o atendimento online. “Atender online pela primeira vez traz aquela mesma ansiedade de quando éramos estagiários e atendemos pela primeira vez no consultório, precisamos de suporte”, explica a terapeuta.

O sucesso em atender online é resultado de conhecer as ferramentas e se preparar internamente

Tata e Fernando concordam que nem todos os clientes tem perfil para o atendimento online. Há casos inclusive que essa modalidade pode ser contra-indicada. É importante que o terapeuta esteja ciente disso para orientar seus clientes de maneira adequada e fornecer um serviço de qualidade.

O terapeuta precisa conhecer e se sentir confortável com a tecnologia, as peculiaridades do atendimento online, com as possíveis falhas na internet, com as dificuldades do clientes e por aí vai. Além disso, os Psicólogos precisam seguir as diretrizes do Conselho Federal de Psicologia e se cadastrarem no e-Psi. “Com a crise do Corona vírus o CFP liberou o atendimento online mesmo antes do Psicólogo se cadastrar de modo a atender as necessidades de quarentena. Você pode começar a atender e paralelamente fazer seu cadastro.” esclarece Fernando.

Ambos os terapeutas são unânimes em afirmar que, “com preparação adequada, todo mundo pode atender online e oferecer um atendimento tão bom, ou até melhor, do que o que acontece no consultório”. Fernando e Tata oferecerão um treinamento online para capacitar e dar suporte para quem quer iniciar seus atendimentos online com segurança. Em tempos de corona vírus, essa será uma necessidade crescente.